Servidores desocupam João Mendes voluntariamente e greve continua

"Se alguém levar um pedaço de pão a eles (servidores que ocuparam o saguão do Fórum João Mendes) estará desobedecendo uma ordem minha". Foi esta a frase que o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Antonio Carlos Viana Santos, mandou como recado, por meio de seus assessores, aos sete membros da Comissão de Negociação das entidades e os deputados estaduais Olimpio Gomes (PDT), José Candido (PT e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa), Carlos Giannazi (PSOL) e o deputado federal Ivan Valente (PSOL) que aguardavam negociar com o Tribunal o não-desconto dos dias parados em troca da desocupação do João Mendes. Neste momento, os servidores que se encontravam dentro do prédio já completavam mais de 24 horas sem comida e água potável.  


Naquele momento ficava mais do que evidente a intransigência do Tribunal de Justiça, que proibiu a entrada de qualquer provimento aos servidores. Os alimentos que eram passados pelo vão da porta de entrada do fórum pelos servidores que se mantinham na praça em solidariedade aos ocupantes, foram pisoteados pelos agentes de segurança do TJ-SP.


Mesmo com a presença constante da mídia e de parlamentares durante todo o dia, o Tribunal não aceitou negociar nada. Sob a alegação de que a greve era política não permitiu a entrada de ninguém no prédio, além de uma equipe de médicos. O deputado Jose Candido chegou a ser questionado pelo comando da Polícia Militar se ele realmente era deputado.


"O Tribunal mostrou mais uma vez sua intransigência. Não respeita sequer os parlamentares que aqui vieram com o intuito de ajudar nas negociações. Impedem que os deputados entrem no prédio para que não vejam o derespeito aos direitos humanos que está sendo cometido lá dentro", expôs Elisabete Borgianni, presidente da AASPTJ-SP.  


A imprensa também foi impedida de entrar no fórum para registrar imagens da ocupação. Durante o dia, quando um cinegrafista tentava filmar pelo vidro, os agente de segurança colocaram um tapume na frente da filmadora.   Por volta das 22h30, cerca de dez soldados do Batalhão do Choque apareceram na Praça, assustando os servidores que entenderam poder haver uma tentativa de evacuação do prédio à força. No entanto, o choque retirou-se do local aproximadamente uma hora depois.    


 


 


Sexta-feira


Hoje a Praça João Mendes amanheceu repleta de servidores de diversas regiões do Estado que chegaram durante a madrugada para apoiar os colegas que permaneciam sem se alimentar dentro do João Mendes. Aproximadamente 70 pessoas resistiam dentro do prédio. Durante o dia de ontem e hoje, muitos fóruns fecharam as portas e aderiram ao movimento de greve.


Por volta das onze horas, o senador Eduardo Suplicy chegou para tentar algum tipo de negociação. Impedido de entrar no prédio encaminhou-se ao Palácio da Justiça, junto com os deputados Olimpio Gomes e José Candido. Voltaram em companhia do assessor da Presidência João Batista, quando os ocupantes do prédio já haviam saido voluntariamente por outra porta. Diante da imprensa e dos parlamentares, o TJ deu verdadeiro testemunho de despraro e truculência em situações como a que ocorreu nos últimos dias. O assessor da Presidância foi impedido pelo comando da PM de entrar no prédio. João Batista berrava ser o assessor da Presidência e que ordenava que deixassem ele entrar e a polícia respondia ter ordem expressas da Presidência de que ninguem entraria.    


Suplicy parabenizou a força do movimento dos servidores do Judiciário e criticou afirmações feitas pelo secretário estadual da Casa Civil Luiz Antonio Marrey de que a greve é de cunho politico por ser ano de eleição. "Se o fato de eu e os deputados estarmos aqui para observar o desrespeito a essas pessoas que ficaram 48 horas sem poder se alimentar, sem higiêne (o Tribunal cortou a água dos banheiros), é fazer política, então pode dizer que é politica sim", afirmou. "Ele só esquece que ele e o presidente do TJ também têm cargos politicos, só que a politicas deles é a da arbitrariedade", completou. O senador e os deputados apontaram a força que o movimento demonstrou nos ultimos dias e como foi importante a resposta da categoria à tentativa de divisão entre os próprios servidores por desembargadores do Órgão Especial que na seção da ultima quarta-feira chegaram a sugerir que o Tribunal colocasse um voto de louvor na ficha dos que não estavam em greve.  


Assessores da Presidência deram entrevista a imprensa durante o dia dizendo que com a desocupação do fórum, o TJ-SP reabriria as negociações, porém a Comissão de entidades, até o momento não foi chamada.


Diante dos acontecimentos, os servidores reunidos na Praça votaram pela continuidade da greve e por manter acampamento em frente ao fórum até a próxima assembleia geral (dia 16).


No fim da tarde recebemos a informação de que o relator do dissídio coletivo marcou audiência de conciliação para o próximo dia 17 às 10 horas.


Associado,


Neste momento é imprescindível que o movimento seja mais forte do que nunca. Os fóruns que fecharam nos ultimos dias devem manter-se assim até pelo menos a próxima quarta-feira. Se você ainda não aderiu ao movimento não perca mais tempo de lutar dignamente pelos seus direitos.



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